Por Bhaktin Marília Fonseca
Suicídio não é um assunto fácil, mas é urgente e necessário. O dia 10 de setembro é mundialmente dedicado à conscientização sobre prevenção ao suicídio por meio da realização de diversas ações. A campanha se estende durante todo o mês “Setembro Amarelo” e o lema de 2023 é “Se precisar, peça ajuda!”.
Suicídio é quando uma pessoa decide, de forma consciente e intencional, utilizar-se de um meio o qual ela acredita ser letal para dar fim a própria vida. O suicídio também pode ser fruto de transtornos psíquicos graves, mas sempre indica que a mente do suicida ainda não possuía recursos ou repertórios para lidar com as dificuldades da vida. Há uma grande diversidade de questões que podem contribuir com a realização desse ato fatal, como, entre outros, o uso de álcool e de drogas, exposição à violência, depressão, sentimento de culpa e a baixa autoestima. Dessa forma, é fato que o suicídio é de uma complexidade gigantesca, pois revela a pluralidade das pessoas portadoras de sofrimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que anualmente 700 mil pessoas morrem por suicídio no mundo. Para termos uma ideia, isso equivale à população do Estado do Amapá, aproximadamente.
Apesar dos dados nacionais serem alarmantes, algo em torno de 32 mortes por suicídio por dia, o Brasil encontra-se abaixo da média mundial. O aumento significativo das taxas ao longo dos anos justifica uma atenção ainda maior a esse grave problema de saúde pública.
Só no Brasil, entre 2010 e 2019, foram registradas 112.230 mortes por suicídio e ao comparar com as mulheres, o risco de os homens morrerem por ceifarem a própria vida é quase 4 vezes maior.
Quando focamos nos adolescentes de 10 e 19 anos, foram registradas 6.588 mortes por suicídio no período de 2016 a 2021 apenas no Brasil, sendo que mais da metade dos casos ocorreram com o sexo masculino. Observou-se que 84,4% foram de jovens de 15 a 19 anos de idade, colocando o suicídio como a quarta causa de morte mais recorrente para esses jovens no país durante este período.
Outra questão que merece atenção é o chamado comportamento suicida, caracterizado pelos pensamentos, planos e as tentativas para realizar o suicídio. No Brasil, 17% da população já pensou, em algum momento, em tirar a própria vida. Isso quer dizer que em um grupo de vinte familiares ou amigos seus, pelo menos três deles já pensaram em deixar de viver.
Contudo, é imprescindível sempre nos lembrarmos que no coração de todas as entidades vivas reside a Superalma, tornando todo corpo um templo da porção plenária e aspecto localizado do Senhor Supremo. Krishna afirma que “Aquele que vê a Superalma em todo ser vivo e igualmente em toda parte, não se degrada com sua mente. Assim, ele se aproxima do destino transcendental” (Bhagavad Gita 13.29). Em outras palavras, nunca estamos sozinhos.
Mas por que uma pessoa decide dar fim à própria vida? Geralmente devido a um conjunto de situações somado à necessidade de aliviar as pressões como, por exemplo, ansiedade, depressão, culpa, cobranças sociais. Por isso, na maioria das vezes, o desejo não é de morrer, mas sim cessar tamanho sofrimento. A pessoa luta internamente contra sentimentos opostos, pois também há a natural vontade de viver que faz resistência ao intuito de autodestruição.
Srila Prabhupada explica que para nos deixarmos conduzir pela Superalma, é preciso controlar a mente e a comunhão com o Senhor ocorre por meio do serviço transcendental amoroso. Portanto, um dos caminhos para aliviar o sofrimento e trazer outra perspectiva em relação a própria vida talvez seja regular os sentidos e dedicar tempo e energia em servir ao Senhor, diretamente à Ele ou também por meio de seus devotos tão amados.
Nós somos feitos para amar e, mais do que isso, somos imensamente amados pelo Supremo. É importante refletir sobre a perspectiva de que “o comportamento negativo é uma súplica por amor” e consideramos que “cada momento é uma chance de dar e receber mais amor”. Um convite: vamos aceitar que somos dignos desse intenso amor?
Atenção: as alterações no sono e no apetite, a piora do desempenho no trabalho ou na escola, a tendência ao isolamento, o descuido com a aparência e notáveis mudanças de hábitos podem significar necessidade de ajuda. Lembre-se também que revelar os pensamentos em confidência é um sintoma de amor que os devotos compartilham entre si.
E como podemos ajudar uma pessoa nessas condições?
– Ao perceber alguns sintomas, podemos perguntar: “tem algo que eu possa fazer para te ajudar?” e ouvir a resposta com muita paciência e carinho.
– Incentive a procura por tratamento psicológico e/ou psiquiátrico.
– Indicar o CAPS – Centro de Atenção Psicossocial da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), cuja finalidade é atender as pessoas que se encontram em sofrimento mental grave e, neste sentido, acabam atuando na prevenção ao suicídio.
– Orientar que caso haja uma crise suicida, a pessoa entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188, e-mail ou chat. Ele oferece apoio e prevenção ao suicídio, atendendo às pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por 24 horas todos os dias. Além disso, o atendimento é voluntário e gratuito.
Sugestão de Palestra: Depressão, ansiedade e suicídio entre espiritualistas (Noites do Dharma 122 – Nrsimhananda Dasa) – https://www.youtube.com/watch?v=xLV_OlJaM7s
Inspiração:
Bhagavad Gita como Ela é – Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Guerreiro Espiritual II: Transformando a luxúria em amor – B. T. Swami
Upadeśāmṛta – O Néctar da Instrução – Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/hepatites-virais/hepatites-agudas-a-esclarecer
Last modified: setembro 27, 2023